Pensar o minimo no futuro...

O que eu tenho tentado fazer, e tem dado resultado visto que ainda não tive nenhuma depressão nem coisa do género, é viver um dia de cada vez e tentar pensar o mínimo no futuro. É que pensar no futuro significa preocupação, desalento e uma enorme vontade de voltar atrás. Pois, porque achamos sempre que antes é que éramos felizes e nem dávamos conta. Mas no antes também reclamávamos de tudo e fartávamos de tudo e tínhamos na mesma medo do futuro. Futuro esse que hoje já é passado.
Quando andávamos no 9º preocupávamo-nos com a área a seguir e que não podíamos com 14 anos escolher o que queremos ser no futuro e porque é que temos de escolher uma área, e não sei qual é a área que gosto mais e se depois não gosto e…ai apetecia-me voltar à primária. Depois no secundário: e porque temos que melhorar as notas e não temos média e os exames nacionais ui que medo e qual curso vou escolher e se não entro na universidade e se entro e ai que vontade de voltar ao ciclo.

Depois de sabermos que entrámos na universidade é a mudança total, é o estar por nossa conta, é estar na sala de aula e não conhecer ninguém, são os professores, são as cadeiras por fazer, são os 10 que não nos largam, as saudades das notas do secundário e ai não sei o que vai ser de mim. Passada a fase fixe da faculdade, aquela em que já tens um grupinho, as saídas, as jantaradas e tal, começamos a pensar no fim do curso, que temos mesmo que acabar, que já estamos fartas de estudar, de fazer trabalhos, de gastar dinheiro aos pais etc. E finalmente (e porque é a fase em que estamos) o emprego. Ai o emprego! E não sei fazer nada e não sei o que quero e o mais certo é não arranjar nada. Ai a crise. Ai tanta gente desempregada. Ai o meu futuro…
Eu, que ainda estou no comecinho do mundo do trabalho, ouço as minhas colegas mais velhas mas ainda na casa dos pais, com contratos a termo certo, dizerem: “ Ai queria comprar casa mas se não me renovam o contrato como é” “ Ai o meu carro já está velho, tenho medo de comprar outro e se depois não me renovam o contrato” “Ai queria sair da casa dos meus pais mas se depois fico sem trabalho como é que vai ser?!”. Também ouço as minhas colegas, já casadas e com casa, a dizerem: “Queria ter filhos mas a minha situação aqui não é estável, depois se não me renovam o contrato, como sustento a criança” “Só quero ter filhos quando tiver a vida mais organizada, não sei se me renovam o contrato, como é que vai ser?!”. As colegas que já estão no quadro, ganham relativamente bem e o mais provável é ficarem aqui até á reforma, ouço-as queixarem-se do salário, que não dá para nada, e os filhos que cada vez pedem mais coisas, e o filhos que não lhe dão sossego e como há-de ser o futuro deles com o mundo no estado em que está. E as que não têm filhos a queixarem-se da vida, que estão fartas de tudo, que lhes dói ali, e o mundo está perdido e onde é que isto vai parar.
Enfim. em todas as fases da nossa vida, seja qual for a situação em que estamos, pensamos no futuro e temos medo dele e temos medo de não fazer aquilo que planeámos (viajar, comprar carro, casa….). Por isso o melhor é viver o dia, viver o presente porque hoje estamos aqui e amanhã logo se vê.